QUANDO EU FOR EMBORA
- Ingrid Moraes
- 29 de dez. de 2016
- 1 min de leitura
Quando eu lhe der o prazer da presença, veste, usa, deleita. Enquanto eu estiver, me diga tudo, me abrace, me beije, me aproveita. Mas quando eu for, pela mortalidade que vive em mim, não se contente com minha ausência. Quando eu for embora, deixa eu morar contigo. Deixa eu ir pra tua casa. Quando eu for embora, não me enterre em cada letra que escrevi. Quando eu for embora, não me queime nos traços das folhas que rabisquei. Quando eu for embora, não me diminua nas músicas que cantei. Quando eu for embora, não me apague nas comidas que preparei, nos beijos que te dei e nos dias que doei. Quando eu for embora, serei distribuída como matéria, esquecida como pessoa. Mas não me deixe lá. Me devolva para os sorrisos que sorri, me devolva para as pessoas que amei, para os conhecimentos que eu contribui. Quando eu for embora, me deixe ir pela mortalidade que colocaram no meu ser, mas me permita ficar pela imortalidade que fiz do meu existir. Me permita continuar sorrindo, cantando e dançando na chuva do meu eterno entardecer. Me permita apenas, ainda viver em ti.
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