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A DOR DA EXPECTATIVA

  • Foto do escritor: Ingrid Moraes
    Ingrid Moraes
  • 2 de jan. de 2017
  • 1 min de leitura

Permita-me não ser sua expectadora, na platéia ou no palco, permita-me não esperar os aplausos. Não quero conviver com a dor da decepção, do não-dito, do mal-dito, do que nunca será ouvido. Permita-me viver sem esperar o troco, sem cobrar da vida. Sem viver frustrada por não realizar meus sonhos utópicos e infantis. Não quero contar com a possibilidade do provável, com a probabilidade da inconsequência. Permita-me viver sem esperar a semana que vem, sem aguardar a próxima vez. Permita-me viver como criança que se surpreende com a óbvia consequência. E quando, inevitavelmente, a dor da expectativa me encontrar, a tristeza da frustação me perseguir, a mágoa da esperança me pegar. Que eu não tenha pena de mim, que eu não seja a vítima da consequência. Quando eu cair aos pedaços, que eu seja o meu colo, meu próprio porto-seguro. Que eu esteja inteira. Mesmo quebrada por dentro, mesmo despreparada, mesmo fraca. Mas inteira, para recomeçar a ter fé no inesperado.


 
 
 

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