NECESSITO D-ESCREVER
- Ingrid Moraes
- 6 de jan. de 2017
- 1 min de leitura
Precisava escrever. Por trás de todo o caos em mim, eu estava sempre à frente da minha derrota.
Precisava dizer pelas palavras, entre as linhas, como é sobreviver à tudo isso. Mas, voltei duas casas no jogo. Joguei os dados, não estou com sorte.
Talvez seja o tempo, talvez uma questão de probabilidade. Talvez.
Mas, não te escrevo para ir adiante, minha intenção é descrever, no sentido de apagar o que disse, rebobinar, voltar todos os espaços preenchidos com minhas palavras erradas. Meu português cheio de linhas vermelhas, cheio de cortes e rabiscos que você não pôde ver. Meus rascunhos guardados, meus textos-base. Minhas folhas riscadas e sem sentido.
Você não viu, o quanto ensaiei no espelho, quantas borrachas gastei para me corrigir, quantas vezes me testei e me usei como cobaia. Reinventei toda minha gramática, refiz todos os textos, para que não falhasse. Mas falhei. Precisava te escrever que a tinta está secando e o fim da folha está próximo.
Antes, precisava preencher todas essas linhas em branco, todo esse espaço vazio. Não preciso mais.
Voltei para a linha de chegada, para a primeira frase do texto.
Me re-começar. Me re-escrever.
Me re-significar. Re-fazer tudo que não fiz.
Como se rebobinar fosse possível. Como se tudo isso pudesse ser descrito. Como se o que eu necessito pudesse ser escrito.
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