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O QUE NINGUÉM QUER SABER

  • Foto do escritor: Ingrid Moraes
    Ingrid Moraes
  • 8 de jan. de 2017
  • 2 min de leitura

Aos 2 eu cai e as pessoas riram de mim, Aos 4 eu fiz um desenho e disseram que não estava bonito, Aos 6 eu fui com uma roupa brilhante pra escola e minhas amigas disseram que eu não estava combinando, Aos 8 eu desfilei e os jurados disseram que eu não tinha jeito, Aos 10 cortei meu cabelo curto e meus amigos disseram que eu não parecia uma garota, Aos 12 eu me apaixonei e me disseram que não era recíproco, Aos 14 eu engordei 15 quilos e me chamaram de gorda, Aos 15 fui dançar e me disseram que eu estava fazendo errado, Aos 16 eu contei uma piada e me chamaram de boba, Aos 18 eu escolhi cursar psicologia e me disseram que eu não ganharia dinheiro com isso, Aos 20 eu cantei em público e disseram que minha voz não era boa, Aos 22 eu me convenci que eles estavam certos.

Me convenci de que cair me ensina a levantar. Me convenci que eu posso aprender a desenhar, que eu não preciso de roupas brilhantes quando eu posso apenas sorrir. Me convenci que o melhor desfile é a alegria que deixo onde passo. Me convenci que cabelo não significa nada quando vi pessoas lindas sem ele. Me convenci de que o único amor recíproco que preciso ter é o próprio. Me convenci que excessos muitas vezes representam faltas. Me convenci que não existe dança errada quando pode mudar a vida de alguém. Me convenci que prefiro ser boba a ser infeliz. Me convenci que dinheiro não compra nada que tem valor. Me convenci que cantar sempre é a forma mais linda de se expressar sentimento.

Eu demorei 20 e poucos anos para me convencer que me amo. Demorei 20 e poucos anos para me convencer que não preciso convencer ninguém a me amar porque o meu amor próprio já convence todo mundo que eu não tenho mais 2 anos de idade.


 
 
 

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