RELATIVO
- Ingrid Moraes
- 23 de jan. de 2017
- 2 min de leitura
A água quente que amolece o aipim é a mesma água que endurece o ovo.
O gelo que deixa o sorvete consistente é o mesmo que murcha o pão.
O tempo que amadurece a banana é o mesmo que apodrece a manga.
A pedra no sapato pode fazer um parar no meio do caminho E pode fazer outro chegar mais rápido para tira-la.
Uma ligação pode ser algo constrangedor para fulano E a mesma ligação pode ser reforçador para ciclano.
Se a gente quer sair ou quer ficar em casa, é relativo. Se a gente vai usar calça jeans ou vestido, é relativo. Salto ou tênis? Relativo. Tudo é tão relativamente indeterminado.
Tão dependente de variáveis fatores. Mas tão acidentalmente previsível. É tão relativo que no mesmo hospital que um morre, um nasce. Na mesma rua que a solidão se perde, o amor se acha. É tão relativo que a mesma palavra possa ter peso e medida diferentes.
Depende do emissor, do receptor, do contexto, do tom, do modo. Relativo como um sorriso pode ser tudo para um e tão pouco para outro. Relativo como a vida pode ser a causa da morte mas também pode sofrer o efeito dela. Relativo como o tempo que envelhece um é o mesmo que amadurece outro. Relativo como o espelho que alegra um é o mesmo que condena outro. Tudo depende de tudo. Mas que nessa nossa vida relativa, A gente entenda que o contexto existe, a circunstância cobra, a condição revela. Mas não é a água quente, o frio ou o tempo que nos muda. Pois o mundo é o que é mas nós somos capazes de nos adaptar, nos alterar, nos modificar. Somos nós que decidimos endurecer, apodrecer, envelhecer. Ou não. A situação só nos questiona: o que faremos para nos adaptar?
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