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O PIOR DIA DA MINHA VIDA

  • Foto do escritor: Ingrid Moraes
    Ingrid Moraes
  • 9 de fev. de 2017
  • 1 min de leitura

Acordei atrasada, pisei com o pé esquerdo, bati o carro e não tenho ninguém para ligar.

Estou sem sinal, sem crédito, com tempo esgotado.

Engoli um salgado de almoço, tomei um café frio, uma fruta azeda. Estou fora de área, fora de mim. Com a cabeça em outro lugar. Não entendi como o dia começou e não faço ideia do quanto pode piorar.

Tropeço nas palavras, no labirinto que é tentar me convencer de que tudo ficará bem (porque sei que não vai).

Se eu pudesse apenas dizer o que quero dizer, o que eu diria?

Se eu pudesse fazer o que quero fazer, o que eu faria? Se eu pudesse ser tudo que quero, do que adiantaria?

Tudo parece estar fora dos eixos, fora da minha compreensão.

Como um trem que sai dos trilhos e derrapa sobre a grama,

Como água que sai do rio e escorre pelas pedras.

Como um violino desafinado que incomoda os ouvidos.

Tenho estado de caos, estado de guerra. Tenho estado off-line. Tenho guardado conversas não vividas, abraços não dados e palavras nunca ditas. Tenho guardado tantas inoportunidades, escondido muitas desesperanças, trancado inúmeros nuncas. Eu já não encontro descanso, eu já não canso de querer encontrar.

E como eu queria me cansar, me pousar, me esquecer.

Tenho estado incompreensível, incontestável, inconsolável. Porque a verdade é que tudo em mim precisa de colo.

E eu já não posso me dar.


 
 
 

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