LIVERDADE
- Ingrid Moraes
- 12 de fev. de 2017
- 1 min de leitura
Menina, levanta dessa cama, enxuga essas lágrimas.
Vai lá lavar o rosto com coragem, vestir o teu melhor sorriso e calçar sua mais alta autoestima.
Vai esquentar essas mãos em um café e levantar esse olhar, o céu não fica no chão. Menina, eu sei que as coisas não acontecem como o esperado e não devemos esperar que tudo aconteça assim.
Então, deixa essas crenças e descrenças para lá. É tudo abstração, tudo imaginário, tudo ficção.
Os astros não vão nos ajudar, ninguém irá, não adianta esperar.
Então levanta logo dessa cama, vamos sair nus de qualquer peso, com o coração na gaveta e os bolsos vazios.
Vamos nos tornar grandes, pequena?
Vamos brincar de escorregar no gramado do Congresso, ver a lua no cais do Pontão,
subir no mais alto prédio de Águas Claras e xingar o mundo lá de cima.
Vamos nos encharcar na fonte da Torre, escalar os arcos da Ponte JK.
Conversar à distância na Catedral, surfar no lago Paranoá.
O céu vai chorar essa noite, menina, mas nós não. As estrelas vão correr pelo céu, mas não faremos pedidos.
Porque não teremos outra chance, não haverá outra vez.
Então vamos mostrar para eles que não somos feitos de açúcar, não somos frágeis como papel,
não desmoronamos na chuva, não derretemos no sol.
Vamos mostrar para eles que não temos nada para mostrar, nada a devolver, nada a provar.
Vamos dormir no chão essa noite, menina. Só nos resta sonhar. Somos só meninas que querem sair, somos só meninas que não podem ir.
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