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MONÓLOGO

  • Foto do escritor: Ingrid Moraes
    Ingrid Moraes
  • 18 de fev. de 2017
  • 2 min de leitura

Já muito ouvi falar da vida que deveria viver, da vida que vale a pena ser vivida e da vida que poucos vivem.

Já muito ouvi sobre as consequências e as incertezas para a ter.

Mas quero dizer sobre a vida que eu não deveria estar vivendo, sobre a vida que vivo, a vida que me afogo em angustia, por não viver.

Mário Quintana disse "A saudade que dói mais fundo e irremediavelmente é a saudade que temos de nós".

E como me falto, me ausento e me anseio. Minha saudade é tão profunda que já se tornou verbo e encarnou como sentimento em mim.

Mas já não sei como explicar o que sinto, fico olhando para trás e já não vejo a luz ao fim.

Me permito estar só, mesmo sem ser solidão, porque eu ainda assim sou presença em meio a multidão.

Quando fico triste o que mais quero é te ver sorrir.

Quando me escondo é porque espero que me procure por aí.

Quando me enfraqueço é quando mais mostro coragem.

Quando ensino é para aprender o que ainda não sei de verdade.

Quando me aposento em poesia, em verso te pago.

Quando monólogo é para nos fazer diálogo.

Já não lembro como era a vida antes do que sinto agora, mas não consigo deixar de lembrar que já esqueci.

Não espero respostas esclarecedoras, desfechos surpreendentes, explicações para o que vivi.

Porque eu já não entendo qual o meu plano, a minha direção, minha meta.

Mas já me adiantaria fazer os questionamentos corretos e escrever a pergunta certa.

Quando termino de escrever, viro a página e voo. Mas esse texto levo comigo, mastigo e não engulo. Porque é essa a vida que vivo, nessa página me coloco. Talvez depois até mude o título para solilóquio.


 
 
 

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