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REM

  • Foto do escritor: Ingrid Moraes
    Ingrid Moraes
  • 31 de jul. de 2017
  • 1 min de leitura

A noite chegou.

Em um piscar o sol já se pôs sob o horizonte,

A lua já tomou seu lugar no céu e as luzes da rua se acenderam.

Gosto de ficar olhando minha sombra no chão, como um espelho sem rosto.

Minha própria companhia solitária, um blefe.

Um eu sombrio a me perseguir.

Às vezes subo aqui para enxergar por cima dos postes,

Os carros passando, as pessoas indo de um lado a outro.

Para onde vão e de onde vem tanta gente?

O mundo é tão grande e as coisas tão pequenas aqui de cima.

A perspectiva é um desafio à realidade.

Havia uma criança no prédio do outro lado.

Me assustei quando vi que não era um vidro espelhado refletindo a minha janela.

Porque a essas horas, o Papai Noel já se aposentou e a fada do dente deposita meu dinheiro na conta.

E agora, para minha surpresa, há ainda mais coisas que não entendo o por quê.

Minhas certezas se tornaram dúvidas e substitui o destino pela probabilidade.

Já não ando mais contando as estrelas, elas estão mortas.

Vivo contando meus passos para o final da vida.

Quando foi que mudei de prédio?

Como fui parar nesse andar?

Tem caixas por todo lado e não tenho mais curiosidade em saber o que elas contém.

Tudo cheira a tinta fresca, tudo está fora de lugar.

Uma bagunça e não sei ao menos por onde começar.

Imaginei que tivesse alguém aqui, pude até ouvir algo, um som repetido a me chamar.

Acho que foi a campainha, alguém veio me visitar? Foi um vislumbre. Apenas o despertador, hora de acordar.


 
 
 

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